CATAPRETA
Bacharel em Desenho e Cinema pela Escola de Belas Artes EBA/UFMG.
espumando pela boca, olhos e pontas dos dedos, o êxito que conseguiu ejacular sob uma caralhada de fracassos. quis ser “artleta”, cineasta, músico e formador de opinião de timeline, mas acabou puxando um gato no fio das artes flácidas, donde, ainda que de longe e no conforto do sofá, pode acessar o canal de curadorias discovery kids (ele adora desenhos). já foi servente de pedreiro e hoje está mais pra pedreiro de pixel, por que agora tem internet em casa (sem gato). vida que segue, fez curso superior, viajou pra gringa, exibiu filmes nas Cinelandias e tira onda na favela.
[ corta para intervenção flash back ] quando criança, foi possuído pelo interesse e incômodo secreto de não entender por que os bichos da disney não tem pau nem buceta, como tinham os cachorros e gatos de casa. também não entendia por que seu cabelo era ruim, seu nariz tinha nome de chapoca e por que tinha que manter segredo sobre segunda-feira à noite, quando conversava com Maria Conga, era benzido e tomava banho de descarrego pra quebrar demanda. então teve a idéia cabulosa de usar a arte como se fosse arroz agulhinha no sushi dos “comédia” lá da praça de alimentação. nosso herói achou que era a sujeira marota mirando a assepsia cristã, branca-provinciana-zonasulista, até começar também a sentar na praça de alimentação pra comer sushi de cream cheese no macdonald’s. se encolheu em auto afago, tentando justificar o desejo de pertencer e ser acolhido naqueles lugares. entendeu que era mais forte do que ele, aceitou a contradição e continuou a produzir narrativas de favelado macumbeiro, mas tudo com muito amor fofinho… e continuou confuso…
Na FLAC CATAPRETA apresenta trabalhos que versam sobre as relações de choque e comunhão entre a marginal religiosidade de matriz africana e a normativa tradição cristã.
A série de padres ébrios, produzida a partir de imagens coletadas na internet de pessoas inconscientes por conta de PTs (inconsciência alcoólica, vulgo “Perda Total”), funciona como metáfora para as relações muitas vezes extremas entre o hedonismo e a filiação religiosa e, ao mesmo tempo, deslocando sentidos óbvios, é também uma tentativa simbólica de humanizar a “santidade” (quem nunca?).
Apresenta também desenhos de sua produção mais recente, na qual trata a representação do corpo como personificação de narrativas sobre o desejo, a frustração e o sacrifício. Em alguns desenhos, faz referência aos “eguns”, entidades desencarnadas que ainda mantém ligações com os vivos por meio de seus desejos, anseios, medos, tradições e caprichos.
Exposições: 1999 – 12º Integrarte – Mostra anual dos alunos da Escola de Belas Artes/UFMG; Vencedor do prêmio Pró-reitoria de Graduação Prograd/UFMG; 1998 – Pad in progress – Mostra coletiva no Centro Cultural UFMG; Ciclo de instalações com o tema “o homem se movimenta” – Centro Educacional Coleguium, Belo Horizonte, MG.