Nos últimos anos, Fernanda tem se dedicado à pesquisa e ao fazer artístico, com um grande interesse pelo aspecto experimental e construtivo do processo criativo. Através do desenho, da colagem e da pintura, incorpora fragmentos do seu cotidiano e da cidade, com um olhar especial aos restos, ao que sobra, aos vestígios, como índices da existência, de um acontecimento e da passagem do tempo. Ao caminhar pela cidade observa a paisagem urbana, suas construções e destruições, com um olhar atento ao que é abandonado pelo caminho. Nesse percurso, coleta materiais que são levados para o meu acervo no ateliê, como papéis, fotografias e outros fragmentos. Utiliza esses materiais somados aos tradicionais materiais de ateliê como tintas, papéis, canetas, além de sobras de outros trabalhos, como bordas de papel, fita-crepe ou papel carbono usados. O gesto de escrever aparece nos trabalhos, às vezes em pequenas frases ou colagens, outras vezes como uma escrita rasurada ou ilegível, que se torna desenho. A artista se interessa pela linguagem “quebrada”, desarticulada, que perdeu ou que ainda não alcançou uma função discursiva, vislumbres de textos com significados fugidios.